Nem as peregrinações dos mais altos dignitários do regime, nem os lamentos, as “esperanças”, as “negociações”, os clamores ou as informações, fossem de quem fossem, resolveram o mínimo dos mínimos da situação dos trabalhadores da Qimonda: hoje, foi anunciado, pára a produção por quinze dias mas não se sabe o que acontecerá depois.
O argumento inicial para esta paragem foi que não havia matérias-primas, dado que o único fornecedor, a Qimonda AG, encerrara as portas deixando de produzir, não sendo fácil substituí-lo por um outro. Para gente normal, uma justificação deste tipo, significaria que se estaria a negociar, com todo o afinco, com os outros fabricantes de semi-condutores, novos contratos de fornecimento desses materiais. Por assim dizer, os quinze dias de paragem seriam uma espécie de ganhar tempo sem percas para os trabalhadores (dado que, também pelas primeiras palavras, não perderiam salário) para encontrar e chegar a acordo com esse ou esses novos fornecedores e mais nada.
Mas a justificação foi usada por essa gente como uma mistificação, só como fase intermédia de uma outra “comunicação” mais grave, na verdade, só para produzir um efeito de desprevenção nos trabalhadores em relação ao que estava para vir. Num esfregar de olhos o que foi apresentado como paragem na produção por quinze dias sem perda de remuneração passou, após a nova comunicação agora do pedido de insolvência, a paragem na produção sem prazo marcado e em que a remuneração vai depender de uma decisão de um administrador de insolvência ainda por nomear.
Como se o que já foi descrito não bastasse, um outro elemento foi, entretanto, acrescentado: para a empresa se salvar uns vão ficar, outros terão que sair mas sem nada adiantar sobre quem é que fica e quem é que sai. O que é pretendido com este elemento? A história é velha: que prevaleça a competição em vez da união entre os trabalhadores, que cada trabalhador pense que, existindo uma possibilidade de alguém ficar, esse alguém seja ele, e, nessa expectativa, dispor-se a “portar-se bem” para ser o escolhido.
Ora isto acontece na empresa-paradigma do actual governo, naquela que nos foi apresentada a todos como o exemplo da “modernização do nosso tecido produtivo” e o esteio da “base tecnológica” pretendida para as exportações, estatuto que permitiu ao governo e à câmara justificar, sem grandes explicações, as centenas de milhões de euros atribuídos em terrenos, em isenções fiscais e em subsídios a fundo perdido. Na realidade o estado burguês, ao atribuir estas “facilidades”, a única coisa que fez foi entrar no leilão internacional da força de trabalho promovido pelas multinacionais, oferecendo, qual proprietário de escravos, a mão-de-obra nacional pelo menor preço. Agora, faz o papel de virgem enganada e chora-se, chega a dizer, através do ministro da economia, que vai exigir a devolução de todo o dinheiro, até ao último cêntimo! Não diz é onde e como o vai gastar. E deveria dizer que o iria usar na reconversão da empresa para outras produções com a manutenção de todos os postos de trabalho, mas essa não é a política da “nossa” burguesia.
Se na empresa-paradigma do governo a situação dos trabalhadores é esta, que dizer das situações vividas pelos trabalhadores de muitas outras aqui em Vila do Conde, como a Maconde, a Fapobol ou a Euroribor, em todo o país e em todo o mundo. Em todas a luta de classes se expressou. Em todas a burguesia não olha a estratagemas, a ameaças, a traições e a mentiras para esmagar os trabalhadores e pô-los na miséria. Por isso a solidariedade e a luta são palavras de ordem entre os trabalhadores. E todos terão um papel a cumprir na exigência do
PAGAMENTO DO VALOR DO SALÁRIO POR TODO O TEMPO EM QUE O TRABALHADOR SE ENCONTRE DESEMPREGADO!
O POVO VENCERÁ!
28 de Março de 2009
Org. Reg. do Norte do PCTP/MRPP
É no mesmo tempo em que o sexto aniversário sobre a infame invasão do Iraque ocorre, que um manto de silêncio desce sobre tudo o que se passa nesse país. Pelas notícias, deixaram de ocorrer atentados e ataques às forças de ocupação bem como deixaram de ocorrer as concomitantes retaliações sanguinárias sobre as populações. Igualmente parece que tudo está bem com as riquezas desse país, que não continuam a ser espoliadas…
Os próprios mortos do passado parece que não existiram. E, em consequência da guerra, só civis, foram mais de um milhão!! Civis, aliás, que continuam a morrer ao ritmo de quase dez por dia, por via da mesma guerra que prossegue, apesar das agências noticiosas o calarem. Igualmente os milhões de refugiados deixaram de ser notícia apesar de todos os dias continuarem a viver longe das suas terras, em condições de absoluta precariedade e despojados de grande parte dos seus próprios bens. Nem o ritmo a que as tropas de ocupação sofrem baixas é revelado. Para quem acredita cegamente nos jornais, esse ritmo deve ser zero em cada mês, ou próximo disso, mas realmente, em cada semana morrem actualmente em combate quatro soldados das tropas de ocupação, perfazendo, já e desde que a guerra começou, quase quatro mil e seiscentos mortos.
Se anteriormente a transparência, tão propalada de início, já tinha passado a absoluta obscuridade sobre aquilo que realmente se passava, escondendo com relatos deturpados dos factos as manobras de espoliação e de tomada de posição tendo em vista futuras guerras de rapina, agora passou não só a um quase completo silêncio como também a uma lavagem total de responsabilidades e ocultação de crimes e criminosos. Bastou para isso uma palavra mágica: retirada. Falsa, mas mágica. Assim todos ficam limpos de consciência com condições para poderem “suportar” a continuação da ocupação após a falsa retirada (um terço das tropas de ocupação vão lá ficar após “finalizada a retirada”). Para esta finalidade os EUA contam com a complacência e a conivência da UE. Do governo português, servil como sempre é, só há a esperar, caso não haja uma forte oposição popular, o apoio a essa política.
Se as vidas de civis iraquianos foram até agora reclamadas em nome da implantação da “democracia” a partir de agora serão reclamadas em nome da “segurança dos iraquianos”. Um “altruísmo” sem fim para uma espoliação até ao último cêntimo. Mas sem êxito. Não conseguiram espoliar até hoje o suficiente para obviar à crise: os custos da guerra tornaram-se maiores que os benefícios da espoliação dos iraquianos e, em vez de “solução”, a guerra, tornou-se em factor da crise. Crise que, para a burguesia, continua a ter como solução “natural” a guerra. Guerra para maiores espoliações, noutros lugares. Guerra à qual os povos se terão de preparar para opor ferozmente.
Para já continua a guerra no Afeganistão com a presença militar portuguesa. Assim como continuam, em banho-maria, as guerras na Jugoslávia e no Sul do Líbano também com tropas portuguesas de ocupação. No querer do imperialismo, outras virão também com a participação de tropas portuguesas especialmente se integradas em forças da NATO, organização que, conforme a crise se vai agravando, se vai tornando cada vez mais agressora e provocadora. É esse também o querer do actual governo e do actual presidente. É contra esse querer que nos levantamos, ao lado do povo que igualmente se levantará. Os povos oprimidos lutam pela liberdade e jamais um povo que oprime será ele próprio verdadeiramente livre e por isso também lutará. A opressão tem os dias contados, assim nós e os outros povos o queiramos.
NATO FORA DE PORTUGAL!
GUERRA DO POVO À GUERRA IMPERIALISTA!
OS POVOS VENCERÃO!
SÓ OS TRABALHADORES PODEM VENCER A CRISE!
Org. Regional do Norte do PCTP/MRPP
18 de Março de 2009