Assinado por José Machado recebemos, como a imprensa regional e da emigração também recebeu, o texto que transcrevemos na íntegra:
Teve lugar, no dia 23 de Dezembro, no Multiusos de Guimaraes, a anunciada Festa de Natal da RTP, este ano associada à Capital Europeia da Cultura no Programa de emcerramento desta.
Claro que todos nós, para além das nossas crenças, esperávamos com alguma expectativa este derradeiro adeus da CEC, anunciado profusamente na televisão.
Mas, a RTP, serviço público, cuja função, entre outras, é a de defender a identidade cultural e a lingua portuguesa, decidiu prendar os vimaranenses, o país e as nossas comunidades no mundo, com um Programa digno do pior registo.
Nunca teriamos imaginado, assistir, a mais de 2 h de espectáculo musical, em volta do tema do Natal, todo ele em inglês, como se na tradição cultural e religiosa portuguesas, houvesse um total vazio em língua portuguesa.
Neste país assolado pela Troika, e por aqueles que zelosamente a aplicam, também nesta noite, que devia ser de festa, se sentiu, no Multiusos de Guimarães, esta humilhação de nos sentirmos mandados de fora, manietados, abafados, e agora até privados do uso da nossa língua.
O Fernando Pessoa, para quem “ a minha Pátria é a língua portuguesa”, nesta lamentável soirée cultural, certamente se sentiria um “sem-pátria”.
E o facto de o Côro ter bem cantado e os músicos bem tocado, em vez de lavar a humilhação só a veio agravar, como se até nessa missão o “bom aluno” se esmerásse também para agradar aos “senhores”.
Mas será isto um fenómeno isolado, uma espécie de relâmpago em céu azul, ou é mais um sinal de um contexto e de um estado de espírito, propensos à capitulação social, cultural, económica e política dos portugueses ?
Quando, nos anos 90, em tempos de governação de Cavaco Silva como Primeiro Ministro, o governo aceitou o estatuto de “língua rara”, no quadro europeu, para a nossa língua, só para beneficiar de algumas migalhas em forma de subsídio para esse efeito, estava já a ser dado um exemplo de capitulação inadmissível e inaceitável.
Quando os nossos ministros, em simpósios internacionais, discursam em inglês, sem para tal serem obrigados, e que ministros dos paísers lusófonos, o fazem em português, espelha-se a aptidão dos nossos políticos e governantes para se porem “ a 4 patas”, sem qualquer réstea de dignidade.
Mas estará algo no Memorando da Troika que obrigasse a RTP a meter a língua portuguesa na gaveta no Multiusos de Guimarães e a impôr o inglês como única lingua de expressão cultural nessa noite ? Ou será que, também nesse domínio, somos mais Troikanos que a Troika, e que achámos que não pode haver “bom aluno” que não domine a língua da globalização, nem que para tal atire a sua, a língua de Camões, para o lixo.
Como eu fiquei atónito com o que se passou, imagino como ficaram os milhões de portugueses espalhados pelo mundo, que nas suas casas, nas suas associações, nas suas escolas, teimam em festejar o Natal, cantando as canções natalícias na língua que o poeta tornou universal.
Parece que a responsabilidade deste facto caricato é da RTP. Como vimaranense prefiro que assim seja, porque me custaria muito imaginar uma Capital Europeia da Cultura, fechar um ano de realizações e de actividades, atirando a língua portuguesa para o “caixote do lixo” da história.
Quanto à RTP, talvez não seja de todo de admirar este Natal inglês por si organizado. Por estar ameaçada de privatização, os seus novos responsáveis devem ter achado que, pondo a lingua portuguesa na prateleira, estavam já a começar a sua actividade privada antes da privatização...esquecendo assim o essencial das suas obrigações para com o povo português e a Nação.
Pelo andar da carruagem, se ninguém pára os “vende Pátrias” e outros “Yes Men”, a língua oficial portuguesa passará a ser o “troikano”, mas não se admirem se os outros países da CPLP não aceitem tal “Ultimato”, porque eles, nesse domínio, tem demonstrado mais dignidade e patriotismo.
Vejam lá se me arranjam uns convites para o Natal 2013, em Nova Iorque, num espectáculo todo ele cantado em Português, financiado por eles, com côros e músicos de lá da casa e com o povo deles a bater palmas.
Eu não me importaria de pagar o bilhete e de juntar as minhas palmas às deles !
José Machado
Cidadão vimaranense
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