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Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2006
O recente anúncio de uma OPA sobre a Portugal Telecom tem sido saudado como a entrada de Portugal no mais puro e duro capitalismo. Elogia-se a coragem e o espírito empreendedor do empresário e a postura do governo, endeusa-se a autoridade da concorrência e o mercado, anuncia-se o céu para os consumidores e o fim de um monopólio, enfim, inicia-se uma nova era de prosperidade e desenvolvimento para Portugal gerada por uma nova confiança que resulta, por sua vez, de uma também nova ou renovada fé dos empresários e de uma disposição para a aposta desses mesmos empresários (haverá aqui também alguma ligação à acção do governo). Esta é a imagem pintada, pela generalidade dos órgãos da comunicação social e agentes políticos, da referida OPA e da referida entrada de Portugal no mais puro e duro capitalismo. As pinceladas sobre a miséria, a fome, o desemprego, a censura, a perseguição, a injustiça e tudo o mais que apoquenta o povo, que dominam o quadro presente e que dominarão o quadro futuro, foram esquecidas. Nesse futuro brilhante da economia do país e nesse paraíso para os consumidores, essa realidade, não é importante, o que conta é o valor criado (ou será a mais-valia extorquida?).
Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2006
Temos, então, que esta aparência de defesa da liberdade de expressão movimentadora de comentadores e políticos, esconde uma outra verdade. Para a comprendermos, alguns factos têm de ser ligados: o momento inicial e de todos o mais violento da reacção apresentada como islâmica à publicação dos "cartoons"-pretexto , ocorre no Líbano, país sujeito ainda há pouco a reedição de "revolução laranja" à moda árabe, país enxameado de agentes infiltrados da MOSSAD e da CIA; esta "reacção" antecipa-se às reacções programadas em reunião pelos governos dos países da Liga Árabe, dando o mote e/ou a cor às reacções posteriores (após os actos de violência, exigências de pedido de desculpas já não poderiam ser encaradas da mesma forma pela "civilização ocidental" porque já estavam pintadas com a cor do fundamentalismo islâmico; por outro lado, os mais "puros", para o demonstrarem, teriam de enveredar pela mesma via da violência); como se pode compreender a responsabilização do governo de Damasco pelos acontecimentos de Beirute e a não responsabilização das tropas da NATO ou do governo Afegão pelos acontecimentos em Cabul?; este fim-de-semana foi notícia nos Estados Unidos a existência de plano militar americano, completamente elaborado, de ataque ao Irão; elevados reforços de tropas da NATO no Afeganistão estão a ser efectuados, particularmente e principalmente na zona de fronteira com o Irão; os EUA, segundo os especialistas, já não são capazes de aumentar o seu esforço militar, atolados como estão no Afeganistão e no Iraque; o presidente francês, pela primeira vez, admite o uso de armas nucleares mesmo em situação de ausência de ataque idêntico a solo francês; perante a exigência dos inspectores da IAEA de, a pretexto de verificarem o não uso para fins militares do urânio enriquecido, rastrearem as bases militares iranianas, o governo de Teerão ameaça rasgar o tratado de não proliferação de armas nucleares, argumentando que essa pretensão da IAEA se destina à espionagem militar, a exemplo do que havia sucedido anteriormente no Iraque. Todos estes factos e questões apontam numa única direcção: a preparação dos cidadãos europeus para a guerra. A defesa dos "valores da civilização ocidental" só pode ser realizada atacando em antecipação a fonte dos ataques: os "bárbaros islâmicos". A defesa da "liberdade de expressão" é, agora, e neste caso, mais uma peça da preparação da guerra. Nos próximos tempos outras peças se seguirão.
Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2006
A discussão que actualmente decorre sobre a liberdade de expressão (esta é um valor absoluto da "civilização ocidental", sim ou não) aparece como refundadora de teses anteriormente recusadas ou esquecidas por essa mesma civilização. Os limites da liberdade de expressão estariam nas leis de todos os países democráticos e, não existindo censura prévia, todos os casos de ultrapassagem desses limites seriam resolvidos em tribunal. Assim não se percebe, por exemplo, que os tribunais castelhanos tenham encerrado jornais bascos, fazendo um juízo prévio sobre o que eles iriam escrever no futuro. Ou seja, a pena de silenciamento não é compatível com as teorias da liberdade de expressão agora professadas. Também é difícil compreender, à luz dessas teorias, a condenação do imã da zona Norte de Londres: o que foi provado em tribunal não foi que estivesse envolvido em actos violentos, apenas que apelou, em sermões, à aplicação de novas leis correspondendo a um tipo de vida diferente (tal vida diferente não poderá ser propagandeada? Irá, a sua expressão, contra a liberdade dos outros? Ofenderá ela a dignidade de alguém? O que é que se esteve a julgar afinal?). Não foi pelos actos que foi condenado mas pelas intenções expressadas. Como se vê, é impossível compaginar este tipo de actuação do tribunal com a liberdade de expressão. Mil e um outros exemplos podem ser dados, todos eles questionando a liberdade de expressão como "valor absoluto da civilização ocidental". Portanto, a pureza deste movimento pela liberdade de expressão tem muito que se lhe diga...
Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2006
Já todos os comentadores e agentes políticos teceram as suas "peças" ou fizeram a sua análise sobre os resultados eleitorais das presidenciais. Alguns factos passaram despercebidos, outros só foram revelados no contexto de análises unilaterais. É sobre alguns destes factos que iremos escrever. As manifestações da vitória de Cavaco Silva foram em todo o país mornas, para não dizer de enterro: ao contrário do que é habitual em situações similares não houve buzinadelas, não houve caravanas, não houve ajuntamentos nas praças principais de cada povoação. Porquê? Porque é que os votantes em Cavaco Silva ficaram em casa? Faz lembrar os tempos da UN em que votar no "candidato" escolhido pelo regime era uma obrigação e onde, por isso, não havia nenhuma alegria a manifestar a não ser a "alegria" planeada pelo regime. Faz lembrar mas, neste contexto, não tem o mesmo significado. As bandeiras do PSD e do CDS, praticamente desaparecidas durante toda a campanha eleitoral, foram as que se viram nos fracos festejos da vitória em Lisboa. Tudo menos espontâneo. O que é que os dirigentes desses partidos pretenderam dizer por essa forma que não disseram em palavras? Não foi com certeza, por ser absurdo, uma vingança contra o novo presidente pelo facto de, durante toda a campanha, este ter manifestado reiteradamente posições contra os políticos e de desprezo pelo apoio partidário. Terá sido uma mensagem ao povo? Do tipo: deixem-se de balelas democráticas, só há uma forma de se ser eleito, é preciso ter o apoio dessa classe de partidos, esses partidos são os partidos não partidários, são os partidos dos não políticos? Outro facto relevante, analisado por poucos e sempre unilateralmente, é o facto de o novo presidente eleito não se ter comprometido com nada durante a campanha eleitoral. As análises surgidas na imprensa sugerem que isso é uma grande vantagem para ele que não será confrontado com o não cumprimento de qualquer compromisso e, genericamente, para o prestígio das funções presidenciais que ficarão salvaguardadas de um escrutínio popular permanente. Ficou por dizer que essa vantagem de Cavaco é uma desvantagem para o povo: nos cheques passados em branco são colocados sempre valores muito elevados. E a classe operária lutará para não os pagar. É também essa a vontade de quem votou em Garcia Pereira. Foram poucos, é certo, mas grande parte está disposta à luta. Novos contactos foram estabelecidos. A organização dessas forças alargar-se-á e os frutos surgirão.