Em 1891 foi o ultimato que revelou aos olhos do povo do Porto quão servil, face ao imperialismo britânico, era a monarquia portuguesa. A república transformou-se em esperança por uma manhã. Vã, é certo, mas esperança suficiente para fazer mover os homens que ansiavam libertar-se dos dois jugos: o jugo do imperialismo britânico e o jugo dos seus servos locais, a monarquia.
Complexificou-se o mundo e complexificaram-se as relações. A percepção clara da realidade tornou-se mais difícil. As cadeias da opressão tornaram-se mais subtis embora, em simultâneo, mais fortes. Mas, nem por isso, o desejo de liberdade e a fúria que assola os corações contra a opressão esmoreceram. Falta apenas o desassombro e uma direcção segura e reconhecida. Todos os outros motivos já existem, mas o caminho ainda não é claro para a grande maioria. Esse o nosso trabalho: tornar claro o que a profusa propaganda burguesa obscurece.
Temos a certeza que um dia o caminho para a liberdade será trilhado pelos explorados e oprimidos e, aí, honrar-se-á o 31 de Janeiro.
Novas vestes. Tapar misérias. Acalmar o povo. Surpresa. Ganhar tempo. Estas as palavras de ordem do primeiro ministro. O referendo já esqueceu. A crise é para esquecer. Discute-se agora os currícula dos novos ministros e os secretários que serão remodelados. A política cala-se porque se manterá, apenas com novas nuances ainda mais refinadas. O carrossel publicitário também se manterá, agora mais dourado.
Assim como se manterá a luta do povo mas agora com mais força, apesar de todos aqueles que quererão quebrá-la com "novos" argumentos.
O director do JN deu-nos ontem a "honra" de nos prendar com um vaticínio: a extinção. Já nos tínhamos desabituado (se é que alguma vez nos habituámos) de "merecer" qualquer referência fora dos comentários aos resultados eleitorais ou fora das duas linhas que nos dedicam por obrigação durante as campanhas eleitorais. Qualquer posição política nossa não têm "interesse jornalístico", arrogam-se eles. Nem numa rubrica de "folclore", onde o dito senhor nos classifica "ontem e hoje", temos direito a quatro linhas. Mas se estas linhas foram "duras", não são elas que nos fazem escrever: fartos estamos nós que nos vaticinem um fim e que menosprezem os nossos pontos de vista políticos. Já temos couraça, nenhuma provocação nos afecta. O verdadeiro motivo é termos prescutado um leve pendor, um pedido de desculpas envergonhado, uma espécie de acto de contricção cobarde. Claro que dispensamos o "estou com eles" do director do JN. Não precisamos de "apoio moral", mas o atarantamento demonstrado tem que se lhe diga. É revelador de uma posição que é capaz de dar suporte à violação dos direitos dos cidadãos mas que fica eternamente prisioneira de remorsos. Vende-se, mas depois enforca-se. Judas!
Os grupos parlamentares do PS e do PSD, passados cinco anos, prometem agora meter a viola no saco. O momento não é propício para a música. Os ouvintes morrem de fastio, ou melhor, vomitam de nojo e desfalecem. Desistem daquilo que mais lhes interessa: dar-lhes o voto. Dizem que vão mudar a lei fascista dos partidos. Esperam que gritemos "viva a democracia! Viva a liberdade!". Mas enganam-se da mesma forma com que nos pretendem enganar. Sabemos que a lei não foi aprovada por imponderação. Sabemos que só recuaram perante o clamor das massas. Sabemos que é apenas uma guinada táctica em momento conveniente. Porque também sabemos que as ordens de calar a voz dos comunistas vêm de mais alto, vêm de Bruxelas, e a tais ordens nunca a sabujice deixou de obedecer. Outros motivos encontrarão, mas nunca confessarão o verdadeiro: que é o povo que querem atacar e a sua voz a que querem silenciar. Mas também aí se enganam: nunca o conseguirão. Onde há opressão, há resistência. E o certo é que
O POVO VENCERÁ!
Parecem eficientes, agitam as águas, instauram processos, fecham comércios, apreendem mercadorias suspeitas de contrafacção, recebem aplausos do público e condenações de alguns. Já todos sabem de quem estamos a falar. Mas não saberão de quê. Nem ninguém fala. Toda essa capa esconde uma outra realidade. A face realmente importante para a burguesia. E foi um achado! Pôr uma entidade de fiscalização económica a trabalhar para os serviços secretos não lembraria ao diabo. Mas é isso que temos. Escudadas na fiscalização dos cuidados higiénicos da confecção alimentar ou da autenticidade das etiquetas e na sigla ASAE passam, no meio, acções à moda antiga do SIS. É o controlo apertadíssimo sobre os cidadãos o que está nos planos da burguesia. Para mais num momento em que a água já ferve e se aproxima a hora em que a panela de pressão não vai aguentar. E todos os instrumentos são bons, incluindo a dupla função dos agentes. Daí a pressa no treino específico junto ao SIS e junto às operações especiais.
Vivemos num oásis. Esta a versão que o ministro das finanças nos apresenta da situação do país no meio da crise do capitalismo Ocidental. (Deve ser um oásis sem água). Para justificar esta teoria apresenta a avaliação que foi feita do sistema bancário português pelo mesmo tipo de gente que classificou como bons os "pacotes" de produtos financeiros que a prova de fogo da prática provou nada valerem. Por isso diz que não precisa tomar medidas e aparenta enterrar a cabeça na areia. Mas sabe que a queda das bolsas após as centenas de milhares de milhões de euros disponibilizadas pelos bancos centrais e a quebra nas taxas de juros dos bancos centrais significam que a inflação vem aí. E também maior desemprego. Tanto mais grave quanto os capitalistas e gestores não abdicam dos seus roubos milionários. Podem faltar meios para tudo, mas para os seus gastos sumptuosos e insultuosos nunca faltam. E o que o ministro fará, e já está a fazer, é assegurar que tudo se passa assim. Conta com a bonomia do povo, mas não a encontrará. Encontrará luta, isso sim. Luta pelo derrubamento do governo a que pertence. Luta pelo derrubamento do sistema que defende.
ABAIXO O GOVERNO SÓCRATES/CAVACO!
O SOCIALISMO É A ÚNICA VIA PARA O PROGRESSO!
A "comunidade internacional" continua a permanecer cega. O assentimento foi dado entre sorrisos e ameaças a outros. O genocídio recomeçou. Já nem justificações de "retaliação" são dadas para o morticínio. É a "paz", no entender de alguns, a fazer o seu caminho. Não a paz dos povos, mas sim a paz podre da humilhação e da opressão pelos sionistas. O único estado no mundo que hoje tem como política oficial o terrorismo (na teoria de estado sionista a única possibilidade da sua existência é através da manutenção dos habitantes locais sob uma ameaça permanente de terror) permanece impune. Apenas a revolta dos ofendidos e espoliados lhes dá resposta na medida das suas forças. Uns quantos rockets fabricados em casa enfrentam o quinto exército mais poderoso do mundo que espolia, rapta, tortura com sadismo e assassina quem não é da mesma religião e teve o azar de nascer na Palestina. Puro nazismo. E pura cegueira.
O POVO PALESTINIANO VENCERÁ!
Ganhou-lhe o gosto e agora não quer outra coisa. Para o governo Sócrates/Cavaco, a grande questão política relativa à não concretização da promessa eleitoral da realização de referendo relativo ao tratado de Lisboa, resume-se a uma questão semântica: o tratado chama-se "de Lisboa" e não se chama constitucional. Não lhe importa o conteúdo, importa-lhe a capa. Não lhe importa que na campanha eleitoral se tenha abstido de discutir fosse o que fosse relativo à UE, com base na promessa eleitoral de que tudo isso iria ser discutido na campanha do referendo. A burla geral que constituiu o programa eleitoral do PS, neste ponto, ainda foi um pouco mais além: vendeu o seu mandato mas agora, que já não o tem mas em contrapartida tem os lucros da venda ou seja os votos, quer tomá-lo roubado exactamente aos seus votantes. E por aqui chegamos ao significado que, para essa gente, tem a palavra democracia. Sofreu uma repentina evolução semântica e hoje significa, já sem máscaras, exactamente o seu oposto.
Neste Inverno, ainda sem nenhuma epidemia de gripe, têm sido notícia os "entupimentos" nas urgências hospitalares: Aveiro, Faro, Feira, Cascais. Estes foram notícia, mas em muitos outros como, por exemplo em Coimbra, as esperas são de meia dúzia de horas ou mais. O que é que o governo tem a dizer sobre isto? Nada a não ser que a maioria dos atendimentos não são "verdadeiros casos urgentes". Mas já tem a dizer sobre as urgências dos centros de saúde e as urgências hospitalares que "não existiam" como a de Anadia ou que "não prestam": diz que não são "verdadeiras urgências" pelo que se houver algum caso "verdadeiramente urgente" só atrasam a possibilidade de tratamento no local certo pondo em maior risco a vida do doente e, porque não prestam, devem ser encerradas como tal.
O governo, para tudo isto ser mais "coerente", o fecho de serviços e o rebentar pelas costuras de todos os outros que têm que receber não só doentes da área habitual como os doentes dos serviços que encerraram, aponta para o presente com semântica e para o futuro com a solução.
Futuro que não diz quando é. Ou melhor, que diz melhorará aos poucos consoante as unidades de saúde familiar forem fazendo o seu trabalho. Entretanto os "casos agudos não urgentes nem emergentes", que os doentes teimam em considerar urgentes mas que "não são urgentes" e caso queiram ser atendidos no centro de saúde ou nas ditas unidades de saúde familiar pagam uma taxa de urgência (como é?), no entender do ministro podem esperar das 22 até às 8 da manhã ou até se transformarem em "verdadeiros casos urgentes". É então que, entre a vida e a morte, poderão ir de ambulância para a urgência hospitalar.
Já vimos em que é que consiste a "assistência muito melhor" que o encerramento de maternidades iria propiciar: o número de casos com "assistência muito melhor" a caminho das maternidades com bombeiros a servir de parteiras subiram em flecha.
De agora em diante iremos ver, também e cada vez mais, casos que "não são urgentes" muito melhor tratados em ambulâncias que vão directamente para a morgue.
Eis no que dá a semântica.
ABAIXO O GOVERNO SÓCRATES/CAVACO!
POR UM SNS GERAL E GRATUITO AO SERVIÇO DO POVO!
Há dois dias apenas foi apresentada publicamente a decisão do governo Sócrates/Cavaco de não referendar o "tratado de Lisboa". Já não se fala do assunto. Uma cortina de fumo foi levantada: um enorme aparato foi montado para nos dizer que o governo decidiu que o novo aeroporto internacional de Lisboa vai ficar situado em Alcochete...perdão! Tomou a decisão, não! Para nos dizer que tomou a decisão "preliminar " porque a decisão definitiva só vai ser tomada após o "estudo do impacto ambiental" e respectiva discussão pública. Importantes transferências de soberania vão ser feitas nas costas e contra os trabalhadores portugueses e ao presidente a única coisa que interessa é poupar os gastos de um referendo e ao primeiro-ministro é não incomodar Berlim (que relembrou as ordens através do desajeitado primeiro-ministro esloveno). Vende-pátrias! Discussão só para as calendas, dois segundos antes da votação parlamentar. Propaganda, sim, vai haver alguma e bajulação. É o temor que feche a torneira dos fundos. O mais directamente possível para os bolsos da meia dúzia do costume, milhões diários e uns floreados a fingir desenvolvimento. O desenvolvimento que espere. Os pobres que empobreçam ainda mais. Os explorados que sejam ainda mais explorados. A liberdade e a democracia também podem esperar. É isto que com a cortina de fumo nos querem cegar.
Já toda a imprensa fez as contas, já quase todos os comentadores comentaram e todos concluíram que o aumento de 5,7% da remuneração mínima garantida (em valor absoluto 23€) não chega para pagar sequer o aumento do preço do pão juntamente com o aumento do custo do alojamento (quer se trate de casa comprada com empréstimo ainda não pago, quer se trate de casa ou quarto alugado). Muito menos chegará, para pagar o aumento de preço de tais "luxos", o aumento do valor das reformas. Entretanto entraram já em vigor no início do ano os novos preços (aumentados acima da inflação prevista pelo governo) dos transportes públicos, da electricidade, do tabaco, do gás e são esperados aumentos, igualmente superiores à inflação prevista, no arroz, nas massas, nas carnes, no leite, na água...Além destes, estão anunciados aumentos iguais à inflação prevista nas taxas moderadoras do SNS.
Aqui fazemos um parêntesis, porque este caso, merece-o: o governo Sócrates/Cavaco anunciou aumentos de 2,1% nas taxas moderadoras mas se se for ver a nova tabela as taxas moderadoras das urgências hospitalares e dos centros de saúde (taxas de urgências em centros de saúde? Não sabemos como, uma vez que o governo afirma, para efeitos de as encerrar, que essas urgências não são urgências) os aumentos percentuais variam entre os 5,1 e os 5,8% (de 8,75 para 9,20€, de 7,75 para 8,20€ e de 3,40 para 3,60€, respectivamente nos hospitais centrais, nos hospitais distritais e nos centros de saúde). Qual a justificação para isso? O governo responde: houve uma disponibilização de mais de 100 novos tipos de examas médicos (não sabemos quais, cremos que não estão sequer implementados em todos os hospitais e temos a certeza que nenhum doente terá acesso ou necessitará de todos) que representam um aumento dos custos. Esta justificação, correlacionando serviços disponíveis e taxas no SNS, deita por terra a teoria, tão filigranicamente elaborada por este goveno, das taxas moderadoras: pois não era que não tinham nada a ver com o serviço prestado e apenas visavam evitar que "falsas urgências" viessem a "entupir" as urgências? Pois não era que teriam um valor que, apesar de demovedor, seria "acessível" a todos? Pois se assim era, a justificação plausível seria que os portugueses não isentos tinham agora muito mais meios disponíveis e por isso desprezavam completamente a importância da taxa e por isso entretinham-se a "entupir", para passar o tempo, as urgências com casos não urgentes, não a justificação que foi dada. Fraquezas... e espertezas.
Mas este caso também é exemplo clarificador de uma outra questão: a maneira como é calculada a inflação. Para os economistas do governo, caso se considerasse apenas os aumentos de preços das taxas moderadoras para a inflação, esta seria de apenas 2,1%, ou até poderia ser inferior. Como é que eles fazem estas contas? (Para simplificar a explicação sem, contudo, a deformar, vamos considerar que os tais 100 novos exames médicos passaram a estar disponíveis exactamente no momento do aumento das taxas moderadoras) Consideram apenas o aumento dos preços relativos aos serviços disponíveis anteriormente; os novos serviços não são contabilizados para esse efeito, ou são-no apenas na medida em que exista preço de mercado anterior. Por exemplo, no caso das taxas das urgências dos hospitais centrais que passaram de 8,75 para 9,2€, caso os novos exames fossem completamente novos (sem preço ainda estabelecido) considerariam que a nova taxa aumentava para 8,93 (8,75+2,1%) e o resto do aumento (0,27€) era atribuído á "melhoria do serviço". Se os novos exames já tiverem preço anterior de mercado, no caso 0,26€, considerariam um preço inicial não de 8,75 mas de 9,01€ (soma dos dois valores) e depois acrescentariam os 2,1% prefazendo os tais 9,20. Todavia, para quem paga, não é possível pagar só 8,93€, pois o serviço "correspondente" a esse preço deixou de existir e passou a existir unicamente o serviço "correspondente" aos 9,20€, muito embora, na maior parte dos casos e apesar de pagos, esses novos exames não sejam feitos. Algo semelhante se passa com os telemóveis, computadores, televisores, etc. (que contribuem negativamente para a inflação, embora cada nova geração seja sempre muito mais cara que a anterior e as "velhas" gerações, embora "baratas", vão deixando de aparecer no mercado). Portanto, a inflação não tem em conta o peso do custo da evolução tecnológica no bolso dos consumidores pois, comparando no tempo o preço exactamente da mesma coisa ontem e hoje e não o preço de hoje da nova mercadoria com o preço de ontem da mercadoria que foi substituída por essa nova , não contabiliza o aumento dos custos provocados pelas alterações das qualidades das mercadorias.
Quando o volume das vendas faz entrar um novo produto para o "cabaz" que serve para calcular a inflação (ou seja, quando o padrão de consumo se altera por via de novos produtos), esse novo produto em vez de contribuir positivamente para o valor calculado da inflação porque vem substituir produtos mais baratos, contribui negativamente para esse valor, uma vez que, com as economias que o aumento da escala da produção ou a diluição dos custos de lançamento proporcionam e com o "tempero" da competição, vai baixando de preço, embora mantenha preços mais altos que o produto que substitui. O mesmo efeito, para os consumidores finais, acontece quando, como há ainda pouco aconteceu com os medicamentos, em preços que são comparticipados a comparticipação diminui: nesses casos, se o preço se mantiver, a contribuição para a inflação é zero, mas o cidadão comprador passa a gastar mais para obter exactamente o mesmo produto, pode até dar-se o caso de o preço baixar e a parte do cidadão aumentar (como aconteceu em muitos medicamentos) que neste caso o contributo desse produto para a inflação é negativo.
Outro caso ainda é, por exemplo, o dos produtos da "agricultura biológica" que a alteração da classificação (passaram a ser "biológicos") lhes dá o estatuto de novos, ou seja, entram no cabaz sem referência aos preços anteriores, não contribuindo, por isso, para a inflação, embora sejam exactamente os mesmos e de qualidade igual aos que eram produzidos há trinta anos sem essa classificação.
Finalmente há os "velhos" produtos . Aqui o que acontece são duas coisas, ou o produto vai sendo, na competição (habitualmente chamada erradamente concorrência), progressivamente substituído com sucesso por outro e vai baixando de preço até ser impossível produzi-lo por esse preço e morre de morte natural, ou sendo de boa qualidade (com o relativismo que este tipo de classificação, nestes casos, sempre tem) o seu preço vai subindo até que são muitos poucos os que conseguem alcançá-lo. Ora, neste último caso, era de supor que tais produtos contribuíssem positivamente para a inflação, mas não, o que se passa é que são retirados do dito cabaz, pois nessas circunstâncias deixam de ter "peso" suficiente no consumo total. Temos que, portanto, o valor do índice inflação é muito pequeno se queremos avaliar com precisão, do ponto de vista do comprador, qualquer relação entre preços de dois tempos diferentes. É apenas um avaliador muito grosseiro, e tanto mais grosseiro quanto maior for o tempo decorrido, dessa relação. Poderá ter algum valor para a macroeconomia, mesmo assim com alguns pressupostos, mas não serve para medir a evolução do custo da existência.
Se estas generalidades já bastavam para recusarmos esse índice para qualquer coisa como alinhar aumentos salariais, acontece também que, sendo um índice global, não tem em conta os diferentes padrões de consumo consoante as classes de rendimento. Por exemplo, quem esteja limitado a comer pão, vai ter uma "inflação" de 15% a 30%, mas quem tiver um padrão de consumo que consista em viver num hotel e comprar todos os meses um carro novo, poderá ter uma "inflação" negativa. Por isso 5,7% de aumento do rendimento mínimo garantido significa de facto, não uma melhoria de 3,6% (5,7 menos 2,1%) no poder de compra, mas uma diminuição muito significativa desse mesmo poder. O mesmo se passa, e ainda com maior gravidade (porque os aumentos ainda foram menores), para os aumentos das reformas dos escalões mais baixos. Da mesma forma, uma ausência de aumento de rendimentos para as classes de maiores rendimentos significa realmente e na maior parte dos casos, não uma diminuição do poder de compra, mas sim um aumento desse poder.
A situação presente aparece, nas suas manifestações, como um momento em que a procura de bens essenciais aumentou substancialmente. No passado isso ocorreu função imediata de vitórias económicas da classe operária (reivindicações salariais satisfeitas, etc.), e enquanto a produção não se adaptava ao novo modelo da procura, e no presente é o mesmo que está a acontecer se bem que agravado por outros factores de escassez (nomeadamente o desvio de produções agrícolas para finalidades energéticas), simplesmente, não no âmbito nacional como anteriormente, mas no âmbito internacional: o poder de compra dos salários de um quarto da humanidade têm aumentado ao ritmo anual real constante superior a 5% ao ano (mais de 70% em dez anos e já são bem superiores aos indianos) e isso representa um aumento brutal da procura de bens essenciais. A este ritmo não faltará muito tempo para que os salários dos operários chineses sejam superiores aos portugueses, isto apesar da choraminguice dos empresários portugueses e europeus sobre a existência de um "dumping" social chinês que, afinal, cada vez menos existe (daí, a famosa frase do ministro da economia quando visitou a China, falando dos baixos salários portugueses como factor de competitividade junto dos empresários chineses). É que, para engano dos nossos economistas, não há modelos de desenvolvimento baseados em baixos salários (querendo eles representar com isso salários decrescentes), como nos querem fazer crer, o que há é modelos de desenvolvimento baseados em salários fortemente crescentes (podendo, em alguns casos, começar por salários muito baixos) e quando os salários decrescem não há crescimento futuro, apenas miséria e retrocesso. Sacrifícios desse tipo hoje dos operários, são sacrifícios desse mesmo tipo, mas maiores ainda, amanhã desses mesmos operários, e a situação só se inverterá se os salários começarem a subir. Foi assim em toda a parte do mundo que se desenvolveu, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Alemanha, no Japão, no Luxemburgo, na Suíça, na Suécia, etc.: primeiro os salários começaram a subir, só depois é que veio o progresso.
E depois deste longo parêntises concluímos o que precisávamos: não basta ver que os aumentos dos salários e das pensões mais baixos nem sequer chegam para retomar o anterior poder de compra como toda a gente parece ter visto, é preciso exigir novos aumentos para aplicação imediata que aumentem fortemente o poder de compra dos trabalhadores, pois só assim sairemos desta crise nacional (com outro tipo de sacrifícios é certo, mas não com esse).
NOVO AUMENTO IMEDIATO DAS PENSÕES E DA RETRIBUIÇÃO MÍNIMA GARANTIDA!
ABAIXO O GOVERNO SÓCRATES/CAVACO!
FILIA-TE NO PCTP/MRPP!
Uma onda de estupidez varreu os "nossos" comentadores: "não compreenderam" a "inquietação" do presidente da república manifestada na sua mensagem de ano novo com as seguintes palavras "sem pôr em causa o princípio da valorização do mérito e a necessidade de captar os melhores talentos, interrogo-me sobre se os rendimentos auferidos por altos dirigentes de empresas não serão, muitas vezes, injustificados e desproporcionados, face aos salários médios dos seus trabalhadores". E nós estamos em condições de confirmá-lo: de facto não compreenderam! Mas não essa parte, o que "não compreenderam" foi o conjunto do discurso: viram críticas ao governo, mas não viram a "cooperação estratégica". E esse é que é o aspecto principal, o que faz deste governo o governo Sócrates/Cavaco que é preciso os trabalhadores derrubarem. Tratou-se apenas de um contributo pessoal do presidente para a "melhoria" da actividade do governo ao nível da propaganda da mentira e da continuação da criação das condições políticas e repressivas para uma maior exploração do trabalho humano, nada mais. Mas os porquês apresentados pelos "nossos" comentadores para a dita incompreensão (nesses porquês, para eles, são duas coisas distintas, salários dos trabalhadores e remunerações dos altos dirigentes, que nada têm a ver umas com as outras - metafísica no seu esplendor, será que voltámos ao século XVIII?) são eles mesmos estúpidos e vão alimentar exactamente o que negaram na análise ao conjunto: pela sua lógica, afinal de contas, não é responsabilidade do governo, e portanto nem essa parte do discurso é crítica ao governo, a existência dessa desproporcionalidade observada pelo presidente. Vejamos como com a lógica dos "nossos" comentadores se pode ver, por exemplo, o caso da UNICER: os accionistas deram um "mandato" à nova administração (como sempre aumentar os lucros) e um contrato que os renumera função dos resultados (para além da remuneração base, já de si principesca); isso é "um desafio" para os novos administradores; para estes a solução é reestruturarem a empresa, mas devido à sua "elevada inteligência" e "sentido estratégico" a única solução que encontram é fechar serviços, tantos que ultrapassaram mesmo a cota legal relativa às rescisões "amigáveis" e, em simultâneo, contratar externamente alguns desses mesmos serviços embora que por menor preço (disto não temos realmente a certeza, só temos a certeza que os salários dos novos trabalhadores das empresas contratadas são bem menores que os dos trabalhadores despedidos, caso do serviço logístico de Leça do Balio); tudo isto suportado nas leis aprovadas pelos governos, ou melhor, suportado nas aplicações das leis (são duas coisas distintas as leis e as suas aplicações, sendo que estas dependem da correlação de forças na sociedade); portanto, na lógica dos "nossos" comentadores o aspecto interessante que é preciso "compensar" é o "sentido estratégico" dos administradores, os aspectos desinteressantes e desprezíveis são que essa "compensação" está na relação inversa da média dos salários dos trabalhadores e que depende das leis aprovadas pelos governos (no seu "espírito" ou na forma como são aplicadas). Esta a lógica ilógica dos "nossos" comentadores.
ABAIXO OS VERMES DA CANETA!
ABAIXO O GOVERNO SÓCRATES/CAVACO!
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