NOTA À IMPRENSA
1. A recente tomada do BPN - eufemísticamente designada por nacionalização - pelo Governo de Sócrates e da sua extensão no Banco de Portugal vem, desde logo, pôr a nu a verdadeira natureza e profundidade da crise actual do sistema capitalista e acima de tudo fazer ruir a farronca de um Governo que já não sabe senão vender o Magalhães com a mesma habilidade de feirante que o tem caracterizado na acção governativa em geral.
2. Uma das conclusões que esta medida imediatamente suscita é a de que a nacionalização da Banca agora realizada pelo Governo de Sócrates em nada difere daquela que o PCP efectuou após o 25 de Abril, arrastando na altura os operários e os trabalhadores para a fatal ilusão de que estavam a construir o socialismo.
3. Não é, aliás, por acaso que o partido de Jerónimo de Sousa ou do economista Louçã do Bloco de Esquerda se apressam a elogiar o Governo por esta iniciativa sem se preocuparem em desmascarar as verdadeiras causas que estão na origem de mais esta falcatrua financeira de um Banco gerido por altos dignitários do regime.
4. E, acima de tudo, o que esses partidos escamoteiam é que estamos perante uma nacionalização feita por um Governo capitalista, não para servir os trabalhadores ou sequer apenas para melhorar a sua situação económica e social, mas exclusivamente para tentar salvar um sistema capitalista podre e inexoravelmente condenado à morte.
5. Uma outra consideração que este caso merece é que, no seguimento do que ocorreu com o BCP e do que, à pala da crise financeira, se vai continuar a assistir, o papel que o Governo de Sócrates se reserva para si próprio não é mais do que o de procurar assegurar e garantir aos capitalistas e ao seu sistema financeiro a continuação da exploração dos trabalhadores, sempre à custa de uma colossal destruição das forças produtivas e da miséria e sofrimento generalizados.
6. Finalmente, deve assinalar-se que só os oportunistas ou lunáticos podem querer atribuir a uma fraqueza ou incompetência da função reguladora do Banco de Portugal aquilo que é endémico e, portanto, normal, no funcionamento do sistema capitalista.
7. Da profunda crise que atinge actualmente este sistema, os trabalhadores, não podendo de momento reunir condições para lhe pôr termo, terão de compreender que a solução não está numa mirífica nova ordem mundial capitalista, mas na necessidade de fazer surgir um novo sistema económico sob os escombros do actual que sirva exclusivamente os interesses de quem trabalha.
Lisboa, 3 de Novembro de 2008
A Comissão de Imprensa
do PCTP/MRPP