NOTA À IMPRENSA
A demissão de Sócrates representa uma grande vitória do povo português.
Cavaco Silva deve aceitar imediatamente a demissão do Governo e convocar eleições.
Lisboa, 24/03/2011
A Comissão de Imprensa
do PCTP/MRPP
Pegou a moda de "ironizar" e, agora, não há gato-sapato das altas esferas que não utilize tal "figura de retórica". Primeiro, foi a líder do "principal partido da oposição" a, segundo os seus parceiros ironizando, afirmar "quando não se está em Democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se. E até não sei se, a certa altura, não é bom haver seis meses sem Democracia: mete-se tudo na ordem e depois, então, venha a Democracia"; ontem foi a vez do governador do banco de Portugal também "ironizar".
Assim, depois de constatar não só que a "diminuição da taxa de desemprego (referindo-se à variação homóloga) é claramente atípica e (que) não parece sustentável" mas também que os fluxos entre emprego e desemprego tenderem a priveligiar o trabalho a termo, o governador do banco de Portugal, na página 53 do "Boletim Económico" do Outono de 2008 do mesmo banco, vem a concluir que: (sublinhados nossos)
"A duração média do desemprego aumentou, de 22 meses no primeiro semestre de 2007 para 23.1 meses em igual período de 2008, o valor mais elevado dos últimos 10 anos e consistente com a tendência de aumento do peso do desemprego de longa duração. Assim, num contexto de diminuição da taxa de desemprego, verifica-se que a generosidade do regime de subsídio de desemprego, que contempla uma elevada cobertura financeira e uma duração potencialmente elevada das prestações, continua a contribuir para um nível elevado de desemprego de longa duração. Note-se, ainda, que os beneficiários do subsídio de desemprego têm vindo a representar uma maior proporção dos desempregados, na sequência da recente legislação do subsídio de desemprego, que desincentiva a declaração do estatuto de inactivo". Só pode ser "ironia". E o único a compreendê-la foi o ministro do trabalho e da segurança social que instado a comentar tal passagem perorou: “Aquilo que nós precisamos de fazer não é, a meu ver, aumentar o período de subsídio de desemprego nem diminuí-lo. É fazer com que a duração do período de desemprego subsidiado seja utilizada, no menor espaço de tempo possível, para ajudar as pessoas a encontrar uma alternativa de emprego...”. Logo, a singular primeira interpretação que o ministro faz do que foi escrito pelo governador do banco de Portugal, é que este o fez no sentido de apoiar um aumento do período de subsídio de desemprego, ou qualquer coisa do género. Por isso é assim que tem de responder: "inteligentemente" e assumindo o papel de executivo "liberal-democrata" com o tique "a meu ver" com que gosta muito de apresentar os seus argumentos. Quem se enganou na interpretação, foram todos os outros. Ironia!...
Resta dizer que, com este tipo de "ironias" a escaparem-se por entre palavras escritas ou ditas, bem depressa se adivinha quais são os intentos que os movem.
O GOVERNO E A OPOSIÇÃO, A MESMA CAMBADA SÃO!
Devemos dizer que gostamos de ver, nos políticos burgueses, o cinismo confrontando a sua habitual hipocrisia. Dá-nos alguma vantagem: o cinismo clarifica alguns fenómenos, a hipocrisia clarifica alguns carácteres (mais do que das pessoas, das políticas). E ficando as coisas mais claras, os factos emergem das aparências.
Já muito se falou sobre a crise da estrela, até há bem pouco tempo, mais brilhante do "nosso" pouco estrelado firmamento empresarial, do BCP. Foi de tanto se falar que surgiu o cinismo. O cinismo contido na exigência do líder do "principal partido da oposição" quanto à divisão das cadeiras nas administrações bancárias.
Tanto cinismo trouxe consigo a confissão, pela primeira vez perante a opinião pública, de como se têm processado as indigitações das administrações das empresas do estado ou por este participadas. É a democracia à moda burguesa no seu verdadeiramente reles ser. Mas se esta confissão já foi espantosa, mais espantosa ainda a reacção de todos os partidos parlamentares (incluindo toda a chamada esquerda) pela hipocrisia extrema com que o fizeram. Parecia um conselho deontógico da ordem a excomungar um dos seus pares por falta grave ao juramento a que todos estão obrigados: nunca dizer ao doente a verdade sobre o seu estado grave de saúde. A verdade é só para discutir entre pares, disseram-nos eles com a sua atitude, não para ser afirmada à adoentada sociedade capitalista, pois isso pode ser a sua morte (afirmam comiserados e ajudados pela imprensa). Mas, por mais consertos que tentem, o "mal" está feito e ficámos com a confirmação, pela própria boca de um dos actores principais, daquilo que todos sabíamos apenas por ver: que a máscara de "saber técnico" dos gestores públicos tapa a realidade do compadrio, do nepotismo, do amiguismo e da partilha dos bens públicos entre os gangues do poder burguês, nas nomeações desses mesmos gestores. Anuncia-se, portanto, a morte de tal sociedade. Um avanço!
Nesta crise não surgiu apenas o espanto, surgiu também o inimaginágel: o pedido público das cabeças do governador do banco de Portugal e do presidente do conselho directivo da CMVM. O que andaram a fazer esses senhores durante anos que não foram capazes de ver o que se passava, quando a tão pouco eram obrigados? Nós respondemos: a encobrir o que agora foi descoberto e o que ainda não foi descoberto no banco em causa e em todos os outros bancos, na realidade a cumprir o seu verdadeiro mandato e a criar condições para o enriquecimento rápido de meia dúzia de protegidos (contentando-se eles próprios, os humildes, com remunerações apenas principescas) em contraponto à pregação da necessidade de manter baixos os salários dos trabalhadores.
O epílogo ainda não sabemos qual é mas é público que duas listas, cada uma de seu partido do bloco central, estão em compita pelos despojos, não do dito banco cujos accionistas sentem que os "seus" dividendos dependem mais que de qualquer outra coisa do poder do seu estado, mas do trabalho humano.
ABAIXO O CAPITALISMO!
Mais uma entidade "independente" que toma posição. Depois do prestígio público consignado a este tipo de entidades pelas tomadas de posição aparentemente críticas ao governo de algumas delas (o relatório do Tribunal de Contas sobre o SNS, por exemplo, é mais um relatório de justificação do que de crítica dando "armas" ao ministro para este se escapar, embora tenha sido lido como crítico e, na verdade e enquanto assim for, é isso que conta para a opinião pública) uma outra entidade desse mesmo tipo "independente", encavalitada nessa qualidade, o banco de Portugal, pela voz do seu governador veio debitar posições sobre juros, inflação e salários. O que é que nos disse? Para além de não poder prever mais nada, nomeadamente as consequências da crise do imobiliário americana na economia, que o aumento, agora verificado, da inflação para 3% é circunstancial pois em Março baixará e, por via de ser circunstancial, nem o BCE deverá aumentar os juros em Dezembro (não será que a falta de cumprimento do seu "mandato", que é conter a inflação abaixo dos 2%, deveria ter como consequência um pedido de responsabilidades e a aplicação das subsquentes sanções?), nem os salários (aqui o verdadeiro motivo da sua arenga, aqui o gasto dos créditos da "independência") deverão ser aumentados com base nessa inflação pelo "risco" de se gerar uma espiral inflacionista. Este "risco" já nós conhecemos de há muito tempo e não é "risco" é pura propaganda. Foi com base em propaganda idêntica que os salários portugueses foram reduzidos a metade do seu poder de compra nos anos 80. Ou seja, a contenção salarial na altura foi incapaz de conter a inflação, e agora será igualmente incapaz de a conter. É que as razões do aumento da inflação podem ser mais facilmente encontradas no aumento dos lucros do que no dos salários. Sendo assim e havendo alguma coisa a dizer por um governador de banco central verdadeiramente independente seria que os lucros deveriam ser contidos e diminuída a sua distribuição pelos accionistas.
A imprensa e os comentadores em geral criaram ultimamente o mito de que as palavras de Vitor Constâncio valem factos. Assim, as declarações proferidas ontem pelo dito senhor revendo em alta as previsões de crescimento da economia portuguesa para o ano corrente e o próximo, foram recebidas como uma confirmação de que a política do governo Sócrates/Cavaco estaria no rumo certo da superação da crise. Sem dúvida que as palavras desse senhor representam uma aprovação, mas não uma comprovação a partir dos factos: uma aprovação do BCE do qual Vitor Constâncio não passa de um empregado de segunda categoria (por sinal principescamente pago, dados os inestimáveis serviços prestados ao capital financeiro europeu). Pois a verdade é uma: apesar da aprovação do capital financeiro em relação ao plano prosseguido por este governo fantoche nas mãos de Bruxelas e que só trará umas cada vez maiores fome, miséria e desemprego para os trabalhadores, a burguesia não tem solução para esta crise. As palavras proferidas (ver relatório), foram-no por encomenda, com o objectivo de neutralizar os sectores intermédios da sociedade e nada têm a ver com a realidade. Quem acredita nas previsões do crescimento das exportações e do PIB apontadas para 2007, quando se sabe que a fábrica da Azambuja vai fechar e o peso que ela tem nos valores indicados? Claro que o dito senhor teve algumas cautelas, para não se "queimar" totalmente, e apontou algumas possíveis causas externas para a não concretização das previsões. Também é claro que essas tais "possíveis" causas externas, não são hoje hipóteses teóricas, são realidades. Ou seja, na verdade, o que dito senhor veio dizer foi que as razões do futuro agravamento da crise não são a actuação do governo mas razões externas "incontroláveis". Os papalvos dos comentadores, possivelmente não tão papalvos como isso mas antes coniventes, não se percebe com que lógica, conseguem extrair o que se ouviu em loas à actual governação ("BP dá razão ao governo", "Portugal no bom caminho", etc. etc.).
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